segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sem apelo popular, Vela é a maior fonte de medalhas de ouro do Brasil

ALLAN SIMON

A Vela (ou Iatismo) não é, nem de longe, o esporte mais popular do Brasil. Em um país onde poucas pessoas conseguem os recursos para praticar modalidades que exigem equipamentos específicos, é normal que o futebol (que só precisa de uma bola e algo que faça o papel das traves) se sobressaia.

Robert Scheidt, bicampeão olímpico em 1996 e 2004

Mas, no Jogos Olímpicos, esse cenário se inverte. Enquanto o futebol brasileiro acumula decepções e fracassos, o Iatismo é a maior fonte de medalhas douradas para o esporte nacional, com seis conquistas. No quadro geral, a Vela divide com o Vôlei a liderança do ranking, com 16 medalhas conquistadas entre ouro, prata e bronze.

A história das conquistas brasileiras na Vela começou nos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México. A dupla formada por Burkhard Cordes e Reinaldo Conrad levou a medalha de bronze na classe Flying Dutchman. Oito anos depois, em Montreal, Conrad repetiu o feito, desta vez ao lado de Peter Ficker.                    

Nos Jogos de Moscou, em 1980, marcados pelo boicote comandado pelos Estados Unidos à União Soviética, o Brasil brilhou no Iatismo. Conquistou duas medalhas de ouro nesta modalidade, quebrando um tabu de 24 anos sem brasileiros no lugar mais alto do pódio olímpico em qualquer esporte (a última vez havia sido em 1956, no atletismo, com Adhemar Ferreira da Silva).

Os herois brasileiros dos Jogos de 1980 foram Eduardo Penido e Marcos Soares, na classe 470, e Alexandre Welter e Lars Björkström, na classe tornado.

Quatro anos depois, em Los Angeles, o Brasil não conseguiu repetir o feito, mas marcou presença no pódio com a prata conquistada por Daniel Adler, Ronaldo Senfft e Torben Grael na classe Soling. Era o início das conquistas da família Grael no esporte olímpico.

Em Seul, nos Jogos de 1988, Torben Grael levou o bronze na classe star, ao lado de Nelson Falcão. O irmão de Torben, Lars Grael, também conquistou o terceiro lugar, ao lado de Clinio Freitas, na classe tornado.

Após atuação apagada em Barcelona-1992, a Vela brasileira voltou com tudo nos Jogos de Atlanta-1996. Surgia um novo heroi olímpico para o país, que mais tarde se consagraria como nosso maior campeão. Robert Scheidt, na classe laser, conquistou a primeira medalha de ouro olímpica de sua carreira.

Outro título brasileiro veio na classe star. Desta vez, Torben Grael disputava ao lado de Marcelo Ferreira, uma dupla que fez história no esporte olímpico brasileiro. Ainda nesta edição, o Brasil levou um bronze na classe tornado com Lars Grael e Kiko Pelicano.

Mesmo com a decepção geral que foi o esporte brasileiro nos Jogos de Sydney-2000 (quando o país chegou com o maior número de campeões mundiais na história, mas não conseguiu nenhuma medalha de ouro), o Iatismo proporcionou lugares no pódio, novamente com Robert Scheidt (prata na laser) e a dupla Torben Grael e Marcelo Ferreira (bronze na tornado).

Em Atenas-2004, os três levaram a bandeira brasileira ao lugar mais alto do pódio. A conquista de Scheidt foi a mais emocionante, pois foi a primeira medalha de ouro do Brasil naquela edição, encerrando um tabu de oito anos sem conquistas do país no maior evento poliesportivo do mundo.

Robert Scheidt mudou de categoria após os Jogos de Atenas, mas manteve o rítmo de conquistas que o tornou bicampeão olímpico e octacampeão mundial na classe laser. Na star, participou dos Jogos de Pequim-2008 ao lado de Bruno Prada. Após um começo muito ruim, a dupla se recuperou e ainda levou uma medalha de prata que parecia impossível.

Os Jogos Olímpicos de 2008 também marcaram história na Vela brasileira. Pela primeira vez, as mulheres brasileiras estiveram representadas na pódio. Na classe 470, medalha de bronze para a dupla formada por Fernanda Oliveira e Isabel Swan.

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