sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva esportiva da década: Brasileirão

A década de 2000 marcou uma era de mudanças no Campeonato Brasileiro. Foi a transição, em 2003, para o sistema de pontos corridos. No início, a fórmula simples não pegou entre os torcedores. A conquista do título de forma antecipada, pelo Cruzeiro, fez com que a "graça" do campeonato fosse questionada. Assim como nas edições de 2006 e 2007, vencidas pelo São Paulo.

Mas os clubes aprenderam a jogar o novo Brasileirão. Nos anos de 2009 e 2010, várias equipes chegaram à última rodada com chances de título. Emoção pura. Além disso, essas duas edições marcaram o ressurgimento do futebol carioca, que no início da década era estampado como "falido". Flamengo e Fluminense deram também um bico no argumento de que os pontos corridos exigem estrutura e planejamento ao serem campeões.

Ideologia que foi construída entre 2006 e 2008, quando o São Paulo conquistou o até então primeiro tricampeonato consecutivo do Brasileirão (com o reconhecimento dos campeonatos disputados entre 1959 e 1970, este posto passou para as mãos do Santos, que foi pentacampeão da Taça Brasil). Sob comando de Muricy Ramalho, o Tricolor foi soberano durante três anos.

Muricy, por sinal, é o grande nome da década. Treinador do Internacional em 2005, bateu na trave naquela edição marcada pela anulação de 11 jogos que teriam sido manipulados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho, decisão do STJD que beneficiou o campeão Corinthians. Muricy deixou o Colorado (e uma base que viria a conquistar a América com Abel Braga) para conquistar o reinado do Brasil com o São Paulo.

E o treinador só não conquistou mais um título, em 2009, porque o Palmeiras - sempre ele - se viu atordoado com problemas internos entre jogadores (a briga entre Obina e Maurício, em campo) e com a torcida (agressão à Wagner Love). Bateu na trave até a vaga na Libertadores.

Mas Muricy voltou ao topo com o Fluminense. E virou o Rei dos Pontos Corridos, posto que nas primeiras duas edições parecia ser de Vanderlei Luxemburgo, campeão com Cruzeiro e Santos, ambos com superataques de 100 gols ou mais.

E sim, tivemos duas decisões que marcaram o fim da era do mata-mata. Em uma delas, o futebol mostrou uma de suas tradicionais surpresas. São Caetano e Atlético-PR fizeram as melhores campanhas na primeira fase e fizeram isso valer no mata-mata, chegando a uma empolgante final, vencida pelo time paranaense.

Em 2002, o Santos surgiu do oitavo lugar, apresentou ao mundo Robinho, Diego e Elano, e conquistou (à época) pela primeira vez o título brasileiro, sob comando de Émerson Leão. Para isso, dois emocionantes jogos contra o Corinthians, e os gols do título saindo após os 40 minutos do segundo tempo. Foi o cartão de despedida de uma era de muitas emoções.

Balanço da década

CAMPEÕES:

2001 - Atlético-PR
2002 - Santos
2003 - Cruzeiro
2004 - Santos
2005 - Corinthians
2006 - São Paulo
2007 - São Paulo
2008 - São Paulo
2009 - Flamengo
2010 - Fluminense

Ranking de títulos (2001 - 2010):

3 - São Paulo
2 - Santos
1 - Cruzeiro, Corinthians, Atlético-PR, Flamengo, Fluminense.


Ranking de títulos por Estado (2001 - 2010):

6 - São Paulo
2 - Rio de Janeiro
1 - Minas Gerais
1 - Paraná

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Retrospectiva esportiva da década: Copa Libertadores da América

Um passeio do Boca Juniors, a volta do Tricolor Paulista, as viagens das "zebras" e a aparição de um novo gigante do futebol sul-americano. Assim foi a década na Copa Libertadores da América.

São Paulo conquista o tri em 2005
Se entre 1991 e 2000 os times brasileiros dominaram a galeria de títulos, desde 2001 nossos times conseguiram apenas 3 conquistas. A tradição do São Paulo retornou com a participação consecutiva em sete edições desde 2004, e o título conquistado em 2005. Esta edição ficou marcada também como a primeira final da competição disputada entre dois times do mesmo país, quando o Tricolor venceu o Atlético-PR.

Tinga faz o gol do título do Colorado em 2006
O feito do futebol brasileiro se repetiu no ano seguinte. Em 2006, Internacional e São Paulo chegaram à decisão mais cobiçada da América do Sul. Surgia ali a nova força do futebol sul-americano. O Colorado venceu na soma dos jogos e levou o primeiro título internacional realmente importante de sua história, algo que se repetiria todos os anos dali em diante com conquistas como a Sul-Americana, Recopa, Mundial de Clubes e a Copa Suruga.

As duas decisões entre brasileiros fizeram a CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol) mudar o regulamento a partir de 2007, proibindo finais entre clubes do mesmo país. O regulamento teve que ser utilizado logo no primeiro ano, mudando as semifinais de modo que Grêmio e Santos se enfrentassem, evitando que ambos chegassem àquela que seria a terceira final brasileira consecutiva.

Zebras

Como toda competição futebolística que se preze, a Libertadores não podia ter deixado de mostrar suas zebras ao longo da década. E a primeira delas quis aparecer logo em 2001. O Cruz Azul foi o primeiro mexicano a alcançar a final, contra o atual campeão Boca Juniors.

Os argentinos venceram na Cidade do México e tudo parecia encaminhado, até que os mexicanos foram a La Bombonera e devolveram o placar de 1 a 0, forçando a decisão por penaltis. Ali não teve jeito, prevaleceram as tradicionais calma e competência argentinas nesse tipo de disputa e o Boca levou mais um título.

Azulão decide a América. Ficou no quase.
No ano seguinte, a zebra atendeu pelo nome de Associação Desportiva São Caetano. Zebra para eles, da América do Sul, porque aqui em 2002 o Azulão já era um velho conhecido, não é mesmo? O então atual bi-vice-campeão (?) brasileiro surpreendeu a todos no continente e chegou à decisão. Mais ainda, enfrentou o centenário Olímpia, do Paraguai, na final e venceu o primeiro jogo fora de casa.

Na volta, no primeiro tempo, abriu o placar, aumentando a vantagem. Mas a sina de vice-campeão que o acompanhava se manifestou no segundo tempo, levando a virada e perdendo no pênaltis o título que o levaria à consagração de, em 13 anos de existência, jogar contra o Real Madrid.

Em 2004, a zebra resolveu chegar ao topo do pódio e erguer a taça de campeão. O Once Caldas, da Colombia, se baseou em um futebol feio e retranqueiro, mas que o fez passar por times extremamente tradicionais do futebol sul-americano: Santos, São Paulo e Boca Juniors. Campeão da Libertadores, como ninguém, nem o mais otimista dos torcedores, imaginava.

No ano seguinte foi a vez do Atlético-PR chegar à final surpreendendo a todos os prognósticos. No entanto, o time não conseguiu chegar tão perto do título como estiveram Cruz Azul e São Caetano. A derrota por 4 a 0 para o São Paulo no jogo da volta doeu no coração dos torcedores do Furacão.

Em 2008, o Fluminense de Renato Gaúcho chegou à primeira final de Libertadores de sua história embalado pelas vitórias sobre São Paulo e Boca Juniors. Era a primeira vez, desde 1963, que um brasileiro passava pelo Boca em um mata-mata de Libertadores. Tamanha empolgação levou o treinador do Tricolor Carioca a dizer que "brincaria" no Campeonato Brasileiro quando o Fluminense ganhasse a competição sul-americana.

Guerrón cala o Maracanã em 2008.
Mas Renato Gaúcho e os torcedores fluminenses não contavam com ela, a zebra. Desta vez ela atendeu pelo nome de Liga Deportiva Universitária, do Equador. A LDU goleou no jogo de ida, por 4 a 2. A torcida do Fluminense lotou o Maracanã para o jogo da volta, gritando a plenos pulmões o coro de "Eu Acredito".

Logo nos primeiros minutos de jogo, a LDU abriu o placar, calando o estádio que voltaria a incendiar com os três gols do time brasileiro que levaram a disputa para a prorrogação e, posteriormente, para os pênaltis, onde brilhou a estrela do goleiro Cevallos, que voltou a calar o Maracanã, no segundo "Maracanazzo" da história.

Este ano, o Chivas repetiu o feito do Cruz Azul, mas foi mais fácilmente vencido pelo novo gigante da América, o Internacional de Porto Alegre.

Balanço da década

CAMPEÕES:

2001 - Boca Juniors
2002 - Cruz Azul
2003 - Boca Juniors
2004 - Once Caldas
2005 - São Paulo
2006 - Internacional
2007 - Boca Juniors
2008 - LDU
2009 - Estudiantes
2010 - Internacional

Ranking de títulos (2001 - 2010):


3 - Boca Juniors (Argentina)
2 - Internacional (Brasil)
1 - Olimpia (Paraguai); Once Caldas (Colombia); São Paulo (Brasil), LDU (Equador), Estudiantes (Argentina).

Ranking de títulos da década por país

4 - Argentina
3 - Brasil
1 - Paraguai
1 - Equador
1 - Colombia

Fotos: divulgação

domingo, 26 de dezembro de 2010

Retrospectiva esportiva da década: Campeonato Paulista

No primeiro ano desta década (2001-2010) o Campeonato Paulista chegou à sua centésima edição com o Corinthians sendo o maior campeão, seguido de Palmeiras e São Paulo. Pois bem, o panorama não mudou e a década ficou marcada com a volta do Santos à galeria dos campeões estaduais, algo que não acontecia desde 1984.

A chegada dos times menores às decisões também chamou a atenção, tendo inclusive o São Caetano como campeão em 2004. E um fato inusitado: um campeonato sem os clubes grandes, seguido por um supercampeonato contando com Palmeiras, Corinthians e São Paulo. Vamos viajar no tempo pelos principais campeonatos da década:

2001

O Paulistão 2001 vai ser lembrado por uma das recuperações mais inesperadas que uma equipe pode fazer em tão pouco tempo. O Corinthians agonizava na última posição da tabela, sob comando do técnico Darío Pereyra. Mesmo com poucos jogos devido ao turno único, a chegada de Wanderley Luxemburgo deu novo gás à equipe, que terminou a fase de classificação em primeiro lugar. Após uma classificação emocionante contra o Santos nas semifinais, e uma vitória esmagadora logo no jogo de ida sobre o Botafogo de Ribeirão, o Timão conquistou o primeiro título da década, feito que repetiria em 2003 e 2009.

2002

Com a criação da Liga Rio-São Paulo (vencida pelo Corinthians), o Paulistão ficou esvaziado, levado às manhãs de sábado da Rede Record, que na época não tinha tanta participação na audiência como tem nos dias de hoje. Com 12 equipes disputando o torneio em pontos corridos, o Ituano levou a melhor e conquistou o título, que é validado pela Federação Paulista como todos os outros. Com a conquista, garantiu presença no Supercampeonato Paulista, no qual bateu o Timão nas semifinais, mas sucumbiu ao São Paulo na final.

2004

O Paulistão 2004 repetiu a história de 1990 e teve dois times menores na grande final. São Caetano e Paulista de Jundiaí também repetiram a final da Série A-2 de 2000, que havia levado o Azulão à Primeira Divisão pela primeira vez. De novo, o time do ABC levou a melhor e espantou a fama de vice-campeão conquistada nos dois Brasileiros e uma Libertadores perdidos.

2006

Disputado no sistema de pontos corridos, assim como em 2005, o Santos de Luxemburgo quebrou o jejum de 22 anos sem títulos estaduais. No ano seguinte, conquistou o bicampeonato contra o São Caetano, em mais uma chegada de pequenos à final. O Santos seria campeão mais uma vez, em 2010, com um supertime que contou com Neymar, Robinho, Ganso e André, sob comando de Dorival Junior.

2008

Luxemburgo foi para o Palmeiras e levou a boa fase no Paulista consigo. O Verdão quebrou o jejum de títulos que durava oito anos, e de estaduais, que permanecia desde 1996.


Balanço da década

CAMPEÕES:

2001 - Corinthians
2002 - Ituano
2003 - Corinthians
2004 - São Caetano
2005 - São Paulo
2006 - Santos
2007 - Santos
2008 - Palmeiras
2009 - Corinthians
2010 - Santos

Ranking de títulos (2001 - 2010):

3 - Corinthians e Santos;
1 - Palmeiras, São Paulo, São Caetano e Ituano.

Retrospectiva esportiva da década

O Blog do Allan Simon e o Esporte Brasil vão publicar, nos próximos dias, uma série de postagens que vai viajar nos últimos dez anos e relembrar os destaques do esporte. Os campeões no futebol, vôlei, basquete, automobilismo, as Olimpíadas, Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos.

Fique de olho, a retrospectiva vai rolar a partir de hoje (26), e vai até o dia 31 de dezembro. Um grande abraço, e até lá!