Vamos nos ater a esse último grupo, e analisar os supostos argumentos que foram registrados, inclusive, em um documento obtido pelo jornalista Ricardo Feltrin, do UOL.
1-) "A audiência dos jogos da 4ª. feira seria bem menor que a atual. Hoje uma partida durante a semana recebe com aproximadamente 40 pontos de audiência de um pgm da Globo (novela), enquanto o pgm da Record entregaria na média de 10 pontos. Resumindo, 4 vezes menos"
Esse é o primeiro ponto que mostra o pensamento pequeno destes clubes. Percebe-se que a autoestima deles anda baixa. A ponto de comparar uma partida exclusiva de futebol de um grande clube a um telejornal que compete com outro na mesma faixa de horário e tem formato parecido (sim, no caso da Record os jogos começariam após o Jornal da Record).
2-) O documento também levanta questões sobre as eventuais estratégias que a Globo teria, caso ficasse sem o Brasileiro. A previsão é que ela poderia reduzir drasticamente a cobertura do campeonato brasileiro, substituir essa cobertura por times, estrelas e campeonatos europeus (que ela, Globo, já comprou) e, por último, focar a transmissão e a cobertura da seleção brasileira, uma vez que a Copa de 2014 é da Globo. (Ricardo Feltrin, UOL, 19/01/2011)
Pense em um torcedor corinthiano, ou flamenguista desses mais fanáticos. O time deles está lutando pelo título brasileiro, ou por uma vaga na Libertadores, ou até mesmo contra o rebaixamento. Esse torcedor, na hora do almoço, vai optar por um programa esportivo que fale do Corinthians e do Flamengo, ou de um que cubra os melhores momentos de Internazionale x Catania pelo Campeonato Italiano?
A respeito de focar a cobertura na Seleção Brasileira, isso é tão inviável que só de pensar que o time de Mano Menezes joga, no máximo, dez vezes por ano já é possível ver que o argumento não é plausível.
3-) Outra preocupação de parte do Clube dos 13 seria com o que a Globo poderia colocar no horário do futebol, às quartas e domingos, para roubar audiência das partidas. Como blockbusters, por exemplo). (Ricardo Feltrin, UOL, 19/01/2011)
Copa do Brasil de 1995. Grêmio x Corinthians decidem no Estádio Olímpico. Transmissão exclusiva do SBT. A emissora de Silvio Santos marca média de 49 pontos, com pico de 55, e faz sua melhor audiência da história até então.
Mundial de Clubes da FIFA 2000. Vasco e Corinthians decidem no Maracanã. Transmissão exclusiva da Bandeirantes. A emissora do Morumbi carimba 53 pontos de média e deixa a novela das oito com 17 pontos. Veja bem, "a novela das oito".
Você pode até dizer: "Ah, mas você citou duas decisões que envolviam o Corinthians." Sim, mas podemos lembrar também dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver 2010, no qual a transmissão exclusiva da Rede Record chegou a incomodar a Globo em alguns horários, além de se firmar na segunda posição. E estamos falando de um evento sem qualquer tradição no Brasil. Imagine o futebol.
O Clube dos 13 está tratando as possibilidades de audiência dos jogos na Rede Record como se fossem ser compartilhados com a Rede Globo. Nesse caso, sim, a emissora carioca levaria clara vantagem. Mas com exclusividade, a situação muda. A liderança no período dos jogos seria possível, sim. Mas, claro, a Record precisaria investir firme na contratação de profissionais do jornalismo esportivo para isso.
Por fim, acho uma pena que clubes pensem pequeno e, ao invés de pensar em seus cofres, fiquem presos à ideia de que o povo brasileiro é alienado e só sabe assistir a um canal de televisão.
Pra mim deve ser assim: na licitação, que vença a melhor.
