A década de 2000 marcou uma era de mudanças no Campeonato Brasileiro. Foi a transição, em 2003, para o sistema de pontos corridos. No início, a fórmula simples não pegou entre os torcedores. A conquista do título de forma antecipada, pelo Cruzeiro, fez com que a "graça" do campeonato fosse questionada. Assim como nas edições de 2006 e 2007, vencidas pelo São Paulo.
Mas os clubes aprenderam a jogar o novo Brasileirão. Nos anos de 2009 e 2010, várias equipes chegaram à última rodada com chances de título. Emoção pura. Além disso, essas duas edições marcaram o ressurgimento do futebol carioca, que no início da década era estampado como "falido". Flamengo e Fluminense deram também um bico no argumento de que os pontos corridos exigem estrutura e planejamento ao serem campeões.
Ideologia que foi construída entre 2006 e 2008, quando o São Paulo conquistou o até então primeiro tricampeonato consecutivo do Brasileirão (com o reconhecimento dos campeonatos disputados entre 1959 e 1970, este posto passou para as mãos do Santos, que foi pentacampeão da Taça Brasil). Sob comando de Muricy Ramalho, o Tricolor foi soberano durante três anos.
Muricy, por sinal, é o grande nome da década. Treinador do Internacional em 2005, bateu na trave naquela edição marcada pela anulação de 11 jogos que teriam sido manipulados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho, decisão do STJD que beneficiou o campeão Corinthians. Muricy deixou o Colorado (e uma base que viria a conquistar a América com Abel Braga) para conquistar o reinado do Brasil com o São Paulo.
E o treinador só não conquistou mais um título, em 2009, porque o Palmeiras - sempre ele - se viu atordoado com problemas internos entre jogadores (a briga entre Obina e Maurício, em campo) e com a torcida (agressão à Wagner Love). Bateu na trave até a vaga na Libertadores.
Mas Muricy voltou ao topo com o Fluminense. E virou o Rei dos Pontos Corridos, posto que nas primeiras duas edições parecia ser de Vanderlei Luxemburgo, campeão com Cruzeiro e Santos, ambos com superataques de 100 gols ou mais.
E sim, tivemos duas decisões que marcaram o fim da era do mata-mata. Em uma delas, o futebol mostrou uma de suas tradicionais surpresas. São Caetano e Atlético-PR fizeram as melhores campanhas na primeira fase e fizeram isso valer no mata-mata, chegando a uma empolgante final, vencida pelo time paranaense.
Em 2002, o Santos surgiu do oitavo lugar, apresentou ao mundo Robinho, Diego e Elano, e conquistou (à época) pela primeira vez o título brasileiro, sob comando de Émerson Leão. Para isso, dois emocionantes jogos contra o Corinthians, e os gols do título saindo após os 40 minutos do segundo tempo. Foi o cartão de despedida de uma era de muitas emoções.
Balanço da década
CAMPEÕES:
2001 - Atlético-PR
2002 - Santos
2003 - Cruzeiro
2004 - Santos
2005 - Corinthians
2006 - São Paulo
2007 - São Paulo
2008 - São Paulo
2009 - Flamengo
2010 - Fluminense
Ranking de títulos (2001 - 2010):
3 - São Paulo
2 - Santos
1 - Cruzeiro, Corinthians, Atlético-PR, Flamengo, Fluminense.
Ranking de títulos por Estado (2001 - 2010):
6 - São Paulo
2 - Rio de Janeiro
1 - Minas Gerais
1 - Paraná