O medo da Fifa

Análise de ALLAN SIMON

É sintomático: as pessoas preferem torcer para seus clubes de coração, do que para a seleção de seu país. Eu mesmo me sinto bem melhor assistindo a um jogo do meu time do que às partidas do Brasil. Esse processo vem acontecendo nos últimos anos em todo o mundo.

Pergunte a um corintiano: você prefere ver o seu time na final da Libertadores ou a seleção do Ricardo Teixeira abrir a Copa do Mundo no Fielzão? Se você tivesse que optar entre ser campeão da América no novo estádio, ou usá-lo para a partida de abertura do Mundial Brasil 2014, qual você escolheria?

Infelizmente não tenho dados que confirmem, mas acredito que a imensa maioria da Fiel escolheria ganhar a América. Assim como qualquer torcedor de qualquer outro clube no Brasil.

O crescimento em importância da Liga dos Campeões da Europa e da Copa Libertadores da América mostram que o futebol de clubes é quem realmente mexe com o torcedor hoje em dia. E a Fifa sabe disso, mas esconde seu Mundial de Clubes para que ele não tome a importância da Copa do Mundo.

Imagine se o Mundial, em vez de ser um campeonato disputado entre seis, sete equipes em dezembro, todos os anos no Japão, tivesse um formato maior, com periodicidade de quatro anos, com 32 equipes do mundo todo com sedes se revezando como acontece na Copa do Mundo.

Imagine que nessa competição em vez de expectativa apenas por um Santos x Barcelona nós teríamos a esperança de ver diversos confrontos com partipações de Real Madrid, Milan, Inter de Milão, Chelsea, Manchester United, Liverpool, Grêmio, Internacional, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, etc...

A Fifa nunca fará isso, porque sabe que a Copa do Mundo seria esvaziada. Pelo mesmo motivo, ela sempre matou os Jogos Olímpicos com as participações de seleções sub-23. Em outros esportes a importância das Olimpíadas é sempre confundida com a do Campeonato Mundial. No vôlei, por exemplo, vale mais ser campeão do mundo ou medalha de ouro olímpica? Acredito que a segunda opção, já que até o ciclo de quatro anos é baseado nos Jogos.

O futebol de seleções está agonizando lentamente, talvez ainda seja imperceptível. Mas a Fifa tem medo disso...